Brasília repaginada: mercado retrofit cresce na Capital Federal
- Jamila Gontijo
- há 4 dias
- 3 min de leitura
Atualizado: há 1 dia
Tombada como patrimônio histórico e cultural, Brasília chega aos 65 anos com construções que pedem reforma mantendo-se o projeto original
(Jamila Gontijo para o Brasília News)
Aos 65 anos Brasília tem monumentos e edificações que chegaram ao momento de passar por uma reforma que preserve o projeto original, já que a cidade é Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade. Este é o cenário ideal para o retrofit, que promove a revitalização das construções mantendo o valor arquitetônico e cultural.

Prédio do SERPRO, na Asa Norte, passou por recente retrofit: modernidade e preservação. Foto: Acervo SERPRO
O retrofit está em ascensão em Brasília também porque promove a valorização dos imóveis com adaptações às necessidades contemporâneas de moradia e ocupação urbana. “Essa prática é comum em áreas urbanas consolidadas, onde a preservação da arquitetura original é valorizada, mas há necessidade de atualização para atender às demandas atuais. Lugares como a avenida W3 e o Setor Comercial Sul, por exemplo, tem prédios históricos muito bonitos, mas com necessidade de um bom projeto de retrofit” – aponta o arquiteto e design de interiores André Alf, que em sua longa atuação no mercado de Brasília está vendo na prática o aquecimento do mercado de reformas com preservação estrutural.

Brasília é Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade desde 1987, quando recebeu o título da Unesco, por sua importância arquitetônica e urbanística: um marco do modernismo. A área tombada da Capital Federal é a maior do mundo, com 112,25 km², abrangendo o Plano Piloto e outros setores históricos. É o primeiro conjunto urbano do século XX a receber tal reconhecimento. Além disso, em 14 de março de 1990, o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) inscreveu Brasília no Livro do Tombo Histórico.
Imóveis valorizados com o retrofit
A modernização de edifícios através do retrofit aumenta significativamente o valor dos imóveis porque combina revitalização com preservação, além de . contribuir para a sustentabilidade porque reutiliza estruturas existentes e reduz o desperdício de materiais. O retrofit adapta edifícios antigos às novas tendências do mercado imobiliário, como a eficiência energética por meio da instalação de sistemas de iluminação LED e de climatização eficiente.
Essa reforma inteligente também deixa os espaços mais funcionais, com uso de tecnologia que aumentam a segurança e a praticidade das instalações. Um projeto contemporâneo pode ainda criar espaços mais agradáveis e confortáveis, com melhor iluminação natural, ventilação e acústica.
Prédios, casas e edificações da construção da Capital que seguem o estilo concretista, ou brutalista – uma marca da estética de Brasília - são propícios à revitalização com preservação. “Nesse tipo de imóvel, buscamos renovar tudo que é possível, incluindo o concreto que pode ser lixado e tratado para voltar ao seu estado original, realçando o valor histórico” – explica o arquiteto André Alf.
Retrofit na prática
A engenheira civil Adriele Brito, que trabalha na empresa EMIBM, especialista em retrofit com escritórios em Brasília, São Paulo e Porto Alegre, ressalta: “é sempre mais complexo reformar do que começar do zero”. Segundo ela, que esteve na equipe responsável pelo retrofit recentemente realizado no SERPRO, é preciso cautela redobrada em reformas de prédios históricos ou públicos. “Eu preciso ter todo um cuidado para não afetar as áreas próximas às reformas” – explicou ela, referindo-se ao processo de reformar pavimentos no SERPRO que estavam próximos ao CPD, que é o centro de processamentos de dados do Governo Federal.

Na prática, o retrofit vai desde a troca de revestimento da fachada de um prédio residencial – algo muito comum no Plano Piloto de Brasília – passando pela troca de fiação elétrica até a revitalização de vigas de concreto, que são comuns em construções no estilo concretista, típico da estética arquitetônica brasiliense. “Ao longo dos anos, a estrutura pode sofrer degradação natural, por estar exposta. Podemos fazer limpeza e tratamento do aço, além de recompor o concreto” – explica Adriele, que ainda completa: “Geralmente, no intuito de modernizar, a gente trabalha o revestimento do piso, das paredes e do teto. Fazemos escolhas de revestimentos mais contemporâneos” – finaliza.
Comments