A Embaixada dos Estados Unidos no Brasil emitiu um comunicado defendendo as instiutições democráticas brasileiras um dia após participar de reunião, convocada pela Presidência da República, com cerca de quarenta representantes de missões diplomáticas no Brasil. Na reunião, realizada na segunda 18 no Palácio da Alvorada, o presidente Jair Bolsonaro pôs em dúvida a segurança do processo eleitoral eletrônico no Brasil mesmo sem apresentar nenhuma prova de fraude, repetindo um discurso sem fundamento factual sobre a vulnerabilidade do sistema eleitoral do Brasil, que, segundo ele, já teria sido fraudado.
O convite presidencial para que os chefes de missão participassem da reunião trouxe constrangimento desde o ínicio. Para começar, os critérios para a lista de convidados - quais embaixadas seriam convidadas ou não - não estava claro e causou estranheza no meio diplomático.
Além disso, discutir um assunto doméstico com representantes de missões diplomáticas foge ao protocolo diplomático baseado no princípio de soberania dos povos e na autodeterminação. A praxe do universo diplomático é que os chefes de missão não comentem assuntos internos do país onde desempenham suas funções.
A mesma praxe protocolar prevê que convites presidenciais sejam atendidos, o que explicaria a presença dos diplomatas, apesar do incômodo causado pelo tratamento da lista de participantes e pelo assunto em pauta. Nos bastidores diplomáticos o assunto foi tratado como uma situação constrangedora.
A lista completa com o convidados que teriam comparecido não foi divulgada pela Presidência. No dia seguinte, a Embaixada americana divulgou um comunicado, cuja íntegra segue abaixo:
"Como já declaramos anteriormente, as eleições no Brasil são para os brasileiros decidirem. Os Estados Unidos confiam na força das instituições democráticas brasileiras. O país tem um forte histórico de eleições livres e justas, com transparência e altos níveis de participação dos eleitores.
As eleições brasileiras, conduzidas e testadas ao longo do tempo pelo sistema eleitoral e instituições democráticas, servem como modelo para as nações do hemisfério e do mundo.
Estamos confiantes de que as eleições brasileiras de 2022 vão refletir a vontade do eleitorado. Os cidadãos e as instituições brasileiras continuam a demonstrar seu profundo compromisso com a democracia. À medida que os brasileiros confiam em seu sistema eleitoral, o Brasil mostrará ao mundo, mais uma vez, a força duradoura de sua democracia."
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